Uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal, em parceria com a Agência de Investigações de Segurança Interna da Embaixada dos EUA, desarticulou uma quadrilha acusada de operar um esquema internacional de tráfico de armas fantasmas. Três pessoas foram presas em solo brasileiro e outras três foram notificadas da prisão nos EUA, no dia 15 de março.
O arranjo criminoso incluía a compra, nos EUA, de munição e matéria-prima para a fabricação de armamentos. Esse material era enviado para o Brasil, onde as armas eram montadas usando-se uma impressora 3D. Nos Estados Unidos, os integrantes da quadrilha baseados na Flórida compravam legalmente as peças e as escondiam no meio de outras mercadorias, como eletrônicos, medicamentos e roupas, a fim de driblar a fiscalização no Brasil, segundo informou a PF.
Despachado por navios ou aviões, o material chegava ao Brasil por três diferentes estados – Amazonas, São Paulo e Santa Catarina –, mas tinha como destino a cidade do Rio de Janeiro. Era em uma casa dentro da comunidade popular de Vila Isabel que a fabricação das armas acontecia. Os compradores eram principalmente narcotraficantes, milicianos e matadores de aluguel, conforme divulgado pela PF.
As investigações que culminaram na Operação Heat tiveram início há dois anos. A PF divulgou que, ao longo das apurações, os investigadores apreenderam milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA.
Segundo a corporação, os criminosos investiam o dinheiro em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. Por isso, além dos mandados de prisão, a Operação Heat cumpriu mandados de sequestro de bens avaliados em cerca de R$ 10 milhões (mais de US$ 2 milhões).
Os presos
Entre os três homens presos no Brasil está um ex-policial militar, Ronnie Lessa, réu pela morte de uma vereadora brasileira em 2018. Segundo o portal brasileiro de notícias G1, Lessa era um dos principais clientes da quadrilha alvo da Operação Heat. A esposa de Lessa, também ex-policial, foi presa em julho de 2021 por tráfico de armas, após serem encontradas em sua casa, no Rio de Janeiro, peças para fabricação de fuzis AR-15, disse a organização jornalística investigativa InSight Crime.
Nos Estados Unidos, as três pessoas notificadas – brasileiros que possuem cidadania norte-americana – sobre os mandados de prisão aguardam a decisão sobre se serão extraditadas ou julgadas nos EUA, publicou o jornal brasileiro Estadão. Em fevereiro, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou uma iniciativa nacional de Fiscalização de Armas Fantasmas para reprimir o problema.