As forças de segurança da Bolívia encarregadas da erradicação de cultivos ilícitos de coca ultrapassaram a meta de 9.000 hectares traçada para 2021. Foi o que informou no dia 16 de dezembro de 2021 o ministro de Governo, Eduardo del Castillo, durante a apresentação em La Paz de um relatório sobre a racionalização e a eliminação dos cultivos de coca.
“Até 14 de novembro [de 2021], o número total de hectares erradicados de folha de coca havia chegado a 9.457”, disse del Castillo, que explicou que o governo do presidente Luis Arce restabeleceu um modelo boliviano “baseado no respeito com o controle social dos próprios produtores de coca”, o que trouxe resultados satisfatórios na erradicação da folha de coca excedente.
Por sua vez, o vice-ministro da Defesa Social e Substâncias Controladas, Jaime Mamani, disse que os resultados foram positivos porque se basearam “no controle social e no respeito à Mãe Terra”.
“Com esse modelo, superamos nossa meta no âmbito da Lei Geral da [Folha de] Coca, sob o princípio da responsabilidade compartilhada e em obediência aos acordos internacionais”, disse Mamani, de acordo com a Agência Boliviana de Informação.
Zonas autorizadas e não autorizadas
A Lei Geral da Folha de Coca, de 2017, aumentou de 12.000 para 22.000 hectares as áreas autorizadas para cultivos lícitos na Bolívia. A lei anterior, de 1988, classificava as zonas de produção em três categorias: zonas de produção tradicional (com cultivos históricos e agroecológicos), zonas de produção excedente em transição (sujeitas a planos anuais de redução, substituição e desenvolvimento) e zonas de produção ilícita (cujas plantações estavam proibidas).
A nova lei de 2017 delimitou as zonas de produção de coca em duas: as zonas autorizadas e as não autorizadas. As zonas autorizadas são as de produção originária e ancestral, “onde se produz a folha para satisfazer as necessidades de consumo, pesquisas e industrialização”, informou o Vice-Ministério de Comunicação da Bolívia em um comunicado. As zonas não autorizadas estão sujeitas à erradicação por estarem fora da delimitação das autorizadas.
Pistas clandestinas
Além da erradicação da folha de coca, as forças de segurança da Bolívia se concentraram no combate ao tráfico de drogas. No dia 28 de dezembro de 2021, por exemplo, a Força Especial de Luta contra o Narcotráfico (FELCN) destruiu cinco pistas clandestinas na província de Abel Iturralde, no estado de La Paz.
“Essas pistas eram utilizadas para que aeronaves provenientes do Peru se reabastecessem de gasolina e continuassem seu trajeto até o Brasil ou outro país da região”, disse a FELCN em um comunicado. Em seu Relatório Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos 2021, o Departamento de Estado dos EUA indicou que a Bolívia é o terceiro país produtor de cocaína e uma importante zona de trânsito para a cocaína peruana.