Em 29 de maio de 2022, a Colômbia vai eleger um novo presidente da república. Este ano eleitoral, que já teve eleições parlamentares, tem feito a violência crescer tanto nas grandes cidades quanto nas áreas rurais.
De 13 de março de 2021 – início do calendário eleitoral – a 7 de março de 2022, 188 pessoas foram vítimas de violência eleitoral na Colômbia, de acordo com um informe da Fundação para Paz e Reconciliação da Colômbia (PARES, em espanhol). Isto significa um funcionário do governo, candidato político, ou ativista político, sendo morto, atacado ou ameaçado a cada dois dias, segundo PARES. O interesse de grupos armados em demarcar território e demonstrar força é um dos pontos centrais desse contexto.
A votação para a escolha dos novos representantes do parlamento ocorreu em 13 de março. Nesse dia, dois militares foram mortos e dois ficaram feridos em decorrência do acionamento de explosivos. Os casos ocorreram nos departamentos de Meta e de Caquetá e o Exército colombiano suspeita que se trata de revanche por parte de organizações criminosas. Na região de Caquetá, operações da Força-Tarefa Conjunta Ômega, do Exército, vinham sendo realizadas a fim de combater grupos armados instalados ali sob a liderança de dois dissidentes das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC, em espanhol), Iván Mordisco e Gentil Duarte. Este último é hoje um dos criminosos mais procurados da Colômbia, segundo o jornal colombiano El Tiempo.
No entanto, as votações para o parlamento foram livres e justas apesar dos ataques aos militares, disse o ministro da Defesa, Diego Molano. “Embora tenha havido duas exceções de questões de ordem pública, a Força Pública agiu de maneira contundente, bem como nosso Exército Nacional e a Polícia, para atender aos fatos e garantir a ordem e o voto livre”, ressaltou Molano.
Para prevenir ocorrências violentas, o governo mobilizou 240.000 militares e policiais para os mais de 12.000 postos de votação de todo o país, disse Molano em uma entrevista ao jornal colombiano El Universal.
Atos de violência
Em 27 de março, uma bomba, que foi deixada em uma mala perto de uma delegacia em Bogotá, explodiu, resultando na morte de duas crianças de 5 e 12 anos e deixando 33 pessoas feridas, informou a AFP.
A bomba, disse a polícia, era semelhante à usada em outra delegacia de polícia em Bogotá no dia 5 de março. A polícia disse que os dissidentes das FARC reivindicaram a responsabilidade pelos ataques. O presidente Iván Duque denunciou os “ataques terroristas” e ofereceu uma recompensa de US$ 80.000 por informações.
Também em 5 de março, a Polícia de Bogotá apreendeu uma granada de fragmentação, onze barras de explosivos e cartuchos de fuzil, em uma casa ao sul da capital colombiana. Três pessoas que estavam no local foram presas em flagrante. O chefe da Polícia local atrelou o fato a ameaças que vinham sendo feitas por grupo criminosos, afirmou a publicação investigativa Insight Crime.
No final de fevereiro, o ELN anunciou a implementação de uma greve armada de três dias para protestar contra as políticas sociais e econômicas do governo. De acordo com a Unidade de Investigação e Acusação da Jurisdição Especial para a Paz, 107 atos violentos resultaram desta greve armada, informou El Tiempo. Estes incluíram o homicídio de um líder social, 18 atos terroristas e cinco ataques contra a força pública, entre outros.
Para o dia das eleições presidenciais, cujo primeiro turno será em 29 de maio, o Ministério da Defesa da Colômbia anunciou a segunda fase do Plano Democracia Eleições 2022 e o Plano Ágora II, que inclui não só estratégias de distribuição das forças de segurança e defesa, como também articulação com organismos internacionais para fazer a observação do processo eleitoral, a fim de garantir a transparência e a manutenção dos direitos e deveres políticos e assegurar a proteção dos candidatos presidenciais, bem como da população.