Na luta contra a pandemia, as Forças Armadas brasileiras estão se desdobrando em atividades como abastecimento de água, doação de sangue, transporte de equipamentos de proteção, orientação à população, desinfecção de ambientes e distribuição de comida.
Esse é o caso da iniciativa da Força Aérea Brasileira (FAB) inaugurada em 4 de maio. Especializado em cuidar da logística de operações e exercícios, o Grupamento de Apoio Logístico de Campanha da FAB está emprestando sua experiência e equipamentos para o preparo e a distribuição diária de 800 marmitas. As refeições são destinadas aos caminhoneiros que circulam pela região portuária de Santos, a maior da América Latina.
A atividade de transporte de cargas foi afetada por medidas de restrições sanitárias, que fecharam os pontos de apoio e alimentação nas estradas do Brasil. A fim de garantir a continuidade do serviço, a FAB assumiu a missão de providenciar as refeições aos caminhoneiros. A estrutura de campanha montada às margens da rodovia que leva ao porto tem capacidade para aumentar a produção para até 3.000 marmitas. A iniciativa da FAB será mantida pelos próximos 60 dias, sem interrupção, e envolve mais de 50 militares.
Solidariedade
Outro suprimento essencial está sendo garantido pelas vias do Exército Brasileiro (EB): água. Apesar de ter suspendido a maioria de suas operações, o Comando Militar do Nordeste manteve em funcionamento a Operação Carro-Pipa. Até o final do mês de abril, cerca de dois milhões de pessoas tiveram acesso à água potável levada pelos caminhões, chamados de carros-pipa. Os veículos e condutores são contratados pelo EB, que destaca 950 militares para coordenar e fiscalizar a distribuição da água em 600 municípios do semiárido brasileiro.
Outra frente de atuação do EB são as campanhas de doação de sangue, iniciadas em abril, de forma independente, por cada organização militar. O objetivo é ajudar no reabastecimento dos hemocentros – em sua maioria civis –, que tiveram uma queda drástica nos estoques de sangue, devido às restrições impostas pelo isolamento social.
“Sempre que os hemocentros precisarem, estamos dispostos a incentivar nossos militares a fazer a doação”, afirmou o Tenente-Coronel Carlos Augusto de Fassio Morgero, comandante do 36º Batalhão de Infantaria Mecanizada de Uberlândia, Minas Gerais. Até o momento, as doações já contaram com mais de 500 voluntários.
Enquanto as operações estão reduzidas, militares do grupo de paraquedistas do EB estão se dedicando a produzir máscaras de proteção. A linha de montagem é formada por um pelotão de 38 militares e a produção chega à média de 400 máscaras por dia, que são destinadas para a população civil e a comunidade militar.
Esses equipamentos de proteção individual também estão saindo das mãos de dezenas de outras equipes militares de norte a sul do país. Juntas, elas fabricam diariamente em torno de 4.000 máscaras descartáveis e reutilizáveis. Para isso, organizações como o 22º Batalhão Logístico Leve Aeromóvel do EB adaptou o maquinário da oficina de manutenção de veículos e treinou seu pessoal para as atividades de costura.
Um grupo de militares da FAB também está ajudando nessa atividade. “Nosso objetivo é preservar a saúde dos nossos militares e garantir o cumprimento da missão institucional”, afirmou o Coronel da FAB Marcos Dias Marschall.
A Marinha do Brasil (MB) mobiliza equipes especializadas em defesa biológica em atividades de descontaminação de hospitais e espaços de circulação em diversas localidades do Brasil.
Além disso, a MB concentra esforços na orientação da população quanto a medidas preventivas – principalmente em zonas de difícil acesso como a região amazônica, onde está localizada uma população ribeirinha de cerca de 37.000 pessoas – e na distribuição de itens de alimentação e higiene. Mais de 9.000 cestas básicas já foram entregues, por meio da MB, à população brasileira mais necessitada.