As empresas americanas estão encontrando vários obstáculos na corrida para ganhar contratos de extração de lítio nas Américas, particularmente à medida que os governos chinês e russo jogam pesado para conseguir tais acordos, segundo noticiou em 19 de julho o site americano de mídia digital The Hill.
“O ‘triângulo do lítio’ está nessa região e há muitas coisas que essa região tem a oferecer”, declarou a General de Exército Laura J. Richardson, comandante do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), durante a Cúpula de Segurança para o Hemisfério Ocidental 2022 Concordia Américas, realizada na Universidade de Miami (UM), de 13 a 14 de julho. O triângulo formado por Argentina, Bolívia e Chile contém mais da metade das reservas mundiais de lítio, de acordo com dados da Pesquisa Geológica dos Estados Unidos. O metal não ferroso é vital para as modernas baterias recarregáveis.
“Dos 31 países abarcados pelo Comando Sul dos Estados Unidos, 21 já assinaram a Iniciativa da Nova Rota da Seda da China, o que é muito preocupante”, disse a comandante do SOUTHCOM durante os dois dias do seminário. Segundo a General Richardson, a China já investiu cerca de 100 bilhões de dólares na região entre 2017 e 2021. “A China está jogando xadrez, enquanto a Rússia está jogando damas. Eu acho que eles estão lá para minar o continente americano, eles estão lá para minar nossas democracias”, disse ela.
Cinco novos aspectos
Também um palestrante no evento da UM, o embaixador em exercício da Venezuela nos Estados Unidos, Carlos Vecchio, apontou cinco novos aspectos na região que não estavam presentes há 20 anos. Esses novos desenvolvimentos, disse ele, são os seguintes:
- A crescente influência da China e da Rússia, sendo o compromisso do Kremlin com a Venezuela hoje semelhante ao compromisso da Rússia com Cuba durante a Guerra Fria. “A Rússia está exportando o caos por toda a região.”
- Os refugiados venezuelanos, com mais de seis milhões vivendo no exterior. “A única maneira de lidar com esta questão é uma transição democrática na Venezuela. Não se pode confiar no regime de Maduro.”
- Autoritarismo versus Democracia. “Nossas democracias estão enfrentando desafios sem precedentes, todos acontecendo simultaneamente.”
- Crime Transnacional, com 20% da economia venezuelana vindos de atividades ilícitas.
- A Venezuela como principal fornecedor de petróleo, com o país tendo a capacidade de fornecer petróleo, especialmente no meio da guerra em curso na Ucrânia.
Democracia em risco
“Não podemos pensar apenas nestas ameaças de cima para baixo [atores estatais externos como China e Rússia], mas também de baixo para cima [organizações criminosas transnacionais e a economia ilícita]. Não só há atores estatais chegando, mas também as realidades locais que estão surgindo, e isso está colocando em risco a democracia no Hemisfério Ocidental. As economias criminosas estão se tornando cada vez mais poderosas e estão sendo conectadas aos políticos, à mídia e até mesmo ao comércio internacional”, disse Juan Carlos Pinzón, embaixador colombiano nos Estados Unidos e um dos principais palestrantes na cúpula. “A lavagem de dinheiro está ocorrendo abertamente. Não estamos usando recursos e capacidades suficientes para enfrentar isto.”
Laurie Silvers, presidente do Conselho de Curadores da UM, encerrou o evento oferecendo uma visão geral das sessões explorando as questões mais prementes que a América Latina enfrenta. “Um tema tem ressoado por toda parte”, disse Silvers. “A única maneira que podemos esperar para assegurar um futuro brilhante para nossa região é trabalhando juntos.”